Amantes do céu

Astronomia será nova graduação da UFRGS

Eles querem avisar ao mundo sobre as estrelas. E, este ano, os astrônomos estão mobilizados em todo o planeta para celebrar o Ano Internacional da Astronomia (AIA 2009). No Estado, a boa notícia vem do alto do centenário Observatório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 2010, a universidade oferecerá o curso de Física, com ênfase em Astronomia.

A astrofísica (ainda restrita ao pós-graduação) é mais matemática do que física. É mais computador do que luneta. Mas não perde o encanto do observador de estrelas. Quem estuda o universo se dedica a uma ciência pura, cercada de lógica e treinamento específico que começa a atrair novos pesquisadores ao bacharelado do Instituto de Física da UFRGS.

– Além da Astronomia, vamos oferecer o currículo tradicional e outras duas ênfases nas áreas computacional e ciências dos materiais, com foco na nanotecnologia. A ampliação inclui ainda um novo curso de Engenharia Física – adianta Sandra Denise Prado, coordenadora da graduação.

Seja qual for a opção, que passará a ser definida, a professora alerta para a exigência do currículo da Física. A graduação é a que registra um dos maiores índices de evasão da universidade, com mais de 50% de desistência.

– É preciso gostar muito de ciência e estar disposto a estudar. Na Astrofísica, por exemplo, muita gente ainda tem uma ideia romântica. Mas o treinamento em matemática e física é muito forte – avisa a professora.

Como são poucos que se formam, diz Sandra, os físicos encontram boas oportunidades em indústrias e empresas. Bancos e o setor financeiro também buscam o profissional que tem a lógica como ferramenta.

– É uma profissão idealista – diz o diretor de Observatório da UFRGS, Basílio Santiago.

Ao assumir a coordenação do Observatório da universidade, em janeiro, Basílio tornou-se também o responsável pela divulgação do AIA 2009 no Estado. E tem promovido a aproximação da comunidade com o universo em eventos públicos que reúnem centenas de curiosos do céu.

– Muitos astrônomos que trabalham com a observação estelar, como eu, passam o dia em uma sala, fazendo simulações, interpretando dados. Nosso cotidiano não é feito de pura observação. Mas somos amantes do céu, e os telescópios do mundo fazem parte da atividade –diz.

Graduado em Física, em 1987, Basílio cursou doutorado nos Estados Unidos e defendeu a tese no Observatório Nacional, em 1993.

Lúcia Pires
Publicado no jornal "Zero Hora".

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